No dia em que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, vai dirigir ao país a sua primeira mensagem de Natal enquanto chefe do Governo, Marcelo Rebelo de Sousa assinou, como é habitual, um artigo de opinião no Jornal de Notícias que é a sua própria mensagem de Natal aos portugueses. Nela, o Presidente da República deixou um apelo para que se recuse o “monopólio da verdade” e se superem “discriminações injustas” e sublinhou que, para muitos, o dia de hoje é apenas “o Natal possível” — título do artigo.
“Todos os dias — se estivermos atentos — descobriremos que o Natal de muitos, quase todos, é, sempre, o Natal possível. Não o Natal sonhado ou idealizável“, começa por escrever, dando exemplos, em seguida, todos aqueles a quem se refere: maridos, mulheres, irmãos, pais, mães, filhos, crentes, não crentes, cuidadores, servidores públicos, vizinhos, doentes, reclusos, soldados, etc.. Em suma, “os milhões que nem sequer podem ter um dia em que a sua vida de miséria, de fome, de guerra, de exploração, de sofrimento, seja diverso de todos os demais”.
O Presidente da República disse ter-se deparado com exemplos nos últimos dias “nas comunidades distantes das famílias, a fazerem natais possíveis”, nos soldados perto de guerras ou conflitos, mas também cá dentro “noutras comunidades onde a pobreza e a solidão ainda encontram um esconderijo para conviver e evocar pessoas e lugares motivadores”.
“Ou, então, comunidades vindas do outro lado do mundo, a mitigarem agruras pela duração de um instante. O Natal possível acaba por ser — por ter de ser — fruto de esperança e insatisfação feita luta por valores, por princípios e por causas concretas”, referiu.
Marcelo Rebelo de Sousa salientou que a dignidade da pessoa tem de ser sinónimo de liberdade e de igualdade.
“A liberdade determinando diversidade de ideias, pluralismo de modos de pensar e agir, tolerância, aceitação da diferença, recusa do monopólio da verdade. A igualdade exigindo a superação das discriminações injustas, os guetos, as exclusões, a perpetuação da pobreza de geração para geração”, afirmou.
Para o chefe de Estado, “não deixar morrer estes e outros valores e princípios e causas concretas de os fazer valer é encontrar um espaço para o Natal possível”.
No desejo final, Marcelo quis escrever em nome de todos os portugueses: “É o nosso voto mais fundo e mais fraterno”, concluiu, que “esse sopro ecuménico atravesse o Natal possível, o Natal possível de 2024”