Uma líder de uma associação sem fins lucrativos que apoia jovens em risco em Nova Orleans, uma assistente social que acolhe animais, uma conselheira e coach de recuperação que é voluntária em organizações contra a violência doméstica. Estas são algumas das histórias das pessoas cujas sentenças foram perdoadas por Joe Biden na quinta-feira, 12.
REUTERS/Kevin Lamarque
No maior ato de clemência num só dia da história moderna o presidente Joe Biden amnistiou 1.540 pessoas que se encontravam em prisão domiciliária por crimes não violentos ou que já tinham sido libertadas.
Uma semana depois do democrata ter concedido um perdão incondicional ao seu filho Hunter Biden os pedidos para que as autoridades norte-americanas estendessem o mesmo perdão a milhares de pessoas não param de chegar à Casa Branca e Joe Biden já referiu que todos os pedidos serão analisados antes que deixe de ser presidente.
Trynitha Fulton, 46, Nova Orleans
Trynitha foi perdoada depois de se declarar culpada de participar num esquema de fraude de pagamentos enquanto era professora do Ensino Básico em Nova Orleans no início dos anos 2000, foi condenada a três anos de liberdade condicional em 2008.
Apesar de ter seguido a sua vida e concluído um mestrado em liderança educacional em 2017, Trynitha Fulton sempre sentiu que os seus antecedentes criminais a desqualificavam de se candidatar a cargos para ser diretora de escolas, apesar de acreditar nas suas habilitações.
A norte-americana tem dois filhos e é atualmente professora primária, durante anos viveu com “uma sensação de constrangimento e vergonha” devido ao seu passado. Quase uma década depois de ter solicitado pela primeira vez o perdão presidencial recebeu esta semana o telefonema com a mensagem.
“Foi surpreendente”, partilhou com a Associeted Press antes de referir que agora sente que será capaz de explorar mais oportunidades profissionais. Num comunicado de imprensa a Casa Branca considerou Trynitha Fulton como “alguém que luta pela sua comunidade”.
A professora está também envolvida na liderança de uma ONG que apoia jovens em risco de Nova Orleans com refeições quentes, roupas, abrigo e encaminhamentos para apoios de saúde mental.
Stevoni Doyle, 47, Utah
Stevoni Doyle declarou-se culpada de posse de drogas e falsificação de cheques quando tinha apenas 24 anos e estava viciada em metanfetaminas. Depois de dois anos de prisão efetiva decidiu pedir ajuda para deixar as drogas, constituiu uma família (hoje tem cinco filhos e três netos), fez um mestrado e começou a trabalhar como assistente social num centro de saúde comportamental.
Em 2018 pediu perdão e a primeira resposta que teve foi em 2020, quando o FBI entrou em contacto consigo para informar que ia começar uma investigação: “Eles falaram com o meu chefe, com o chefe do meu chefe, com o chefe da minha mãe, ligaram para os meus médicos. Contactaram praticamente toda a gente com quem tive qualquer tipo de relacionamento nos últimos vinte anos”.
Depois dessa investigação inicial não obteve uma resposta, até que quarta-feira foi contactada: “Fiquei em choque e honrada”.
“Só quero que as pessoas que têm um vício saibam, ou que as famílias saibam que quando alguém é viciado, ainda existe esperança. Isto trouxe-me muita alegria, assim como à minha família e é apenas a continuação da minha recuperação”, referiu.
Rita Crundwell, 71, Illinois
Rita Crundwell foi condenada a 19 anos de prisão em 2013 por roubar cerca de 51 milhões de euros durante as duas décadas em que foi responsável das Finanças em Dixon, Illinois.
Em 2021, foi incluída num programa de recuperação em prisão domiciliária devido à pandemia, e a amnistia assinada agora por Biden liberta-a de quaisquer acusações.
O presidente da câmara de Dixon, Glen Hughes, já reagiu e afirmou que a maior parte da população está chocada, ou até chateado, com a decisão. Depois do julgamento de Rita Crundwell a cidade processou auditores e um banco e conseguiu recuperar cerca de 38 milhões de euros.
Brandon Castroflay, 49, Virgínia
Brandon Castroflay foi perdoado depois de se declarar culpado de crimes não violentos relacionados com drogas e cumprir a sua pena.
Depois de sair da prisão ingressou no Exército dos Estados Unidos e também passou pela Força Aérea, onde recebeu vários prémios pelo seu desempenho. Frequentou ainda aulas noturnas para conseguir a sua licenciatura enquanto trabalhava.
Atualmente é voluntário em várias organizações de caridade que apoiam famílias Gold Star, ou seja, que perderam membros da família durante a Guerra do Iraque.
Shannan Faulkner, 56, Oklahoma
Shannan Faulkner cumpriu pena depois de se declarar culpada de um crime não violento relacionado com drogas, depois disso aprofundou os seus estudos e atualmente trabalha com organizações dedicadas à prevenção de agressões sexuais e vítimas de violência doméstica.
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